Empresários e trabalhadores têm oferecido tempo, experiência profissional e recursos para criar novas empresas. É uma primeira resposta aos apelos do Papa Francisco para uma economia que não esqueça os pobres
por Alberto Ferrucci
Do Relatório EdC 2014-2015, sobre a "Economia de Comunhão - uma nova cultura" nº 41 Suplemento publicado com a 'Città Nuova' nº 2 - 2016 - fevereiro 2016
Al Gore, o Prêmio Nobel da Paz, no livro O Futuro: Seis Motores da Mudança Global descreve o "equilíbrio do poder", que se baseia em pequenos grupos de pessoas em posições estratégicas em grandes empresas, nos bancos, nas universidades, nos tribunais e na alta burocracia, que não foram eleitos pelo povo, que influenciam a política e a economia. Eles fazem isso travando toda e qualquer nova proposta indesejável da política, servindo-se daqueles que, nas sociedades de advogados, escrevem os textos das leis, daqueles que elaboram os regulamentos a aplicar e de todos os que, em tribunal, interpretam as leis em vigor, com o objectivo de proteger os equilíbrios de poder e os privilégios da riqueza. Um dos resultados é o contínuo escândalo das barracas ao redor dos arranha-céus, que no Brasil levou Chiara Lubich a lançar a Economia de Comunhão.
Quando os desequilíbrios aumentam, como nos últimos anos, as dificuldades vêm ao de cima. Quem está desesperado revolta-se como sabe e pode, alguns enfiando-se em barcaças para chegar até aos seus parentes expatriados, outros confiando em agitadores políticos ou nas fantasias dos pregadores. Daí resulta o reacender no mundo uma série de conflitos sangrentos seguidos de um imenso sofrimento, que o Papa Francisco definiu como uma "Terceira Guerra Mundial, disputada em fragmentos".
Perante o mundo de hoje Bergoglio gostaria de uma Igreja "que testemunhe o amor de Deus por cada pessoa humana, começando pelos mais pobres e pelos excluídos que ajude a crescer o caminho da humanidade rumo à unidade com a esperança, a fraternidade e a alegria". No encontro com os participantes na assembleia do Movimento dos Focolares, o papa indicou três objetivos: - contemplar "Eis a grande atração dos tempos modernos; atingir a mais alta contemplação e manter-se misturado com todos, lado a lado com os homens"; - sair (para os outros) "De graça recebestes, de graça dai"; - e fazer escola, ser "casa e escola da comunhão".
Como expressão do carisma da unidade para a sociedade civil, a EdC deve avaliar até que ponto está em sintonia com estas propostas: a propósito de contemplar uma sociedade e uma economia diferente, tornando-se casa e escola de comunhão, parece-nos que os testemunhos dos jovens empresários e estudiosos que vieram pela primeira vez às Escolas de Verão estão orientados nesse sentido, assim como os testemunhos dos economistas nos encontros organizadas pela Universidade Sophia.
Francisco propõe então para sairmos em direção aos outros, a todos, a favor dos últimos: este ano por iniciativa dos estudiosos EdC nasceram as Slot Mob contra o vício do jogo, que se multiplicaram na Itália, obtendo resultados legislativos bastante positivos apesar das resistências do "equilíbrio de poder"
E, finalmente, no que diz respeito à gratuidade, há o testemunho do crescimento da comunhão dos lucros das empresas, reforçado pela disponibilidade dos empresários e trabalhadores EdC. Do censo EdC online emergiu de facto uma sua disponibilidade para fazer ainda mais, oferecendo tempo, experiência profissional e também recursos para incentivar a criação de novas empresas EdC. Empresários e trabalhadores se revelam - com seu desejo de "amar a empresa alheia como a sua própria" - o fator de crescimento para o futuro do projeto.