A Doalto soluções em elevadores, empresa que participa do projeto da Economia de Comunhão, mostra que a cultura e os valores da EdC podem ser vividos no dia a dia, mesmo diante aos desafios.
por Daniel Fassa
publicado em: na Revista Cidade Nova de fevereiro/2017
Vandilson Alves de Oliveira trabalhava há 18 anos em uma multinacional do ramo de elevadores quando decidiu empreender. Simpatizante dos valores da Economia de Comunhão desde a juventude, e movido pelo desejo de “fazer a diferença”, abriu mão da estabilidade para buscar seu espaço no competitivo mercado de Salvador. Ética e relações fraternas com todos os envolvidos – clientes, funcionários e fornecedores – deveriam ser a marca do novo negócio, no ramo de venda e manutenção de elevadores. Vandilson não esperava ter sucesso na empreitada logo de início. Surpreendentemente, porém, já no primeiro ano de existência, em 2004, o crescimento foi exponencial.
“Eu imaginava que teríamos dificuldades. Mas acabamos conseguindo uma boa clientela, também em função de um serviço que procuramos prestar de maneira diferenciada, agregando coisas que outras empresas não faziam, como comunicação com o cliente e manutenção preventiva programada”, explica o empresário.
O diferencial da empresa sempre foi a proximidade entre gestores e funcionários. O intuito é criar um ambiente que estimule os valores da empresa – e consequentemente influencie as relações de mercado. “Lembro-me que tínhamos vendido uma peça para um cliente e no momento da instalação o técnico se deu conta de que ela não era necessária, pois a que estava instalada ainda funcionava perfeitamente. Na mesma hora o supervisor-geral determinou que ele ligasse para o cliente e informasse que houve um equívoco e que devolveríamos o dinheiro. São esses valores que a gente procura incutir”, conta o empreendedor.
A lealdade na relação com a concorrência também é uma das marcas registradas da empresa. “Houve uma ocasião em que um cliente muito próximo nos indicou para fazer a manutenção dos elevadores de um hotel. Chegando lá eu fiz a inspeção técnica, fechei os valores com o dono, mas quando estava indo embora perguntei qual empresa fazia a manutenção. Ao saber que era uma empresa pequena, falei para o dono não cancelar o contrato com eles. O amigo que havia me indicado me questionou. Eu respondi que queria o cliente, mas que aquela empresa dependia daquele contrato para sobreviver. E me comprometi a dar todo o suporte necessário para que eles continuassem prestando o serviço”, relembra Vandilson.
Em outra ocasião, diante de um fornecedor que passava por dificuldades financeiras, o empresário se propôs a pagar três vezes o valor que seria cobrado pelo serviço, como forma de ajudá-lo naquele momento difícil.
Vandilson ressalta que agir desse modo não é uma espécie de antídoto contra problemas. Pelo contrário, ao longo do tempo, também houve situações de incompreensão e conflito nos diversos relacionamentos construídos. Mas, para ele, o processo doloroso de superação dessas dificuldades é um preço que vale a pena pagar para construir uma nova cultura econômica. O empresário também aponta a alta carga tributária como um dos grandes obstáculos a serem superados ano após ano.
Em 2010, a morte do sócio de Vandilson criou um novo desafio para ele e uma oportunidade de colocar em práticaos valores que norteiam seu trabalho: como fazer a divisão da empresa com os três herdeiros? O empresário optou por não fazer uma divisão imediata com o intuito de permitir que os filhos de seu ex-sócio se estruturassem com tranquilidade para tocar o próprio negócio com segurança e autonomia. Alguns anos depois, a divisão foi feita e Vandilson cedeu o nome da empresa, que já estava consolidado no mercado, aos jovens empreendedores.
Hoje tanto a antiga empresa quanto a nova, chamada Doalto, seguem firmes e lucrativas. “O interessante é que, em mais de dez anos, eu construí uma carteira de clientes. Quando eu dividi a empresa pela metade, fiquei coma metade de clientes. O que me surpreende é que hoje, dois anos e meio depois, eu consegui quase duplicar minha carteira de clientes. Isso demonstra que coisas boas geram coisas boas. Eu acredito que o sucesso da Doalto se deve aisso”, celebra Vandilson.